terça-feira, 4 de agosto de 2009

Milagre económico lampião

"Benfica hipoteca receitas de 10 anos para pagar jogadores

Receitas de 10 anos hipotecadas para garantir empréstimo junto da banca. Assim se pagarão os reforços desta época.

O Benfica hipotecou receitas de 10 anos para conseguir pagar os passes dos jogadores que reforçarão a equipa esta época. A SAD encarnada já gastou perto de 24 milhões de euros em reforços. O contrato assinado com a Sagres no dia 21 de Julho, no valor de 40 milhões de euros e válido por 10 anos, é a principal garantia prevista no plano de endividamento junto da banca. Segundo as fontes contactadas pelo i, o clube presidido por Luís Filipe Vieira estará, neste momento, a ultimar detalhes de um financiamento junto do BES, tendo dado como garantia do empréstimo as receitas do acordo celebrado com a Centralcer, dona da marca de cerveja Sagres. Até 2021, os encarnados receberão da cervejeira 40 milhões de euros. Caso o Benfica falhe o pagamento dos empréstimos que entretanto vierem a ser contraídos, este dinheiro seguirá directo para o banco, para abater o passivo.Em Maio, o Benfica era um clube vendedor, a enfrentar os efeitos da crise e, pior, sem receitas extraordinárias de venda de jogadores ou de campanhas bem-sucedidas na Europa (não houve Champions e a Taça UEFA não deu mais do que a fase de grupos). Nos primeiros nove meses da época passada, acumulou-se um prejuízo de 18,4 milhões e a ideia era apostar na continuidade do treinador, aproveitando alguns dos activos existentes, sem abrir cordões à bolsa. "Não é fácil manter o equilíbrio da tesouraria sem vender jogadores", dizia o administrador Domingos Soares Oliveira.À pressão Sai um Benfica imperial. À pressão. A política inverteu-se, Quique Flores foi despedido e os reforços começaram a aparecer a ritmo surpreendente. Entre os mais caros e mediáticos, Ramires (internacional brasileiro, 7,5 milhões) iniciou uma lista onde estão Javi García (sete milhões) e Saviola (cinco milhões). Curiosamente, o argentino foi confirmado à CMVM precisamente no dia em que Vieira e Alberto da Ponte, CEO da Sagres, oficializaram o patrocínio que tinha começado a ser negociado no início do ano. Ninguém confirmou números oficiais mas o i sabe que o acordo, transversal a todas as modalidades, vale 40 milhões de euros. E é este negócio com a Sagres que confere alguma margem para reduzir passivo mas, bem como para pedir dinheiro ao banco e gastar praticamente o mesmo que há um ano, quando Vieira e Rui Costa depositaram esperança e 24 milhões de euros nas mãos de Quique. Vieram Aimar, Carlos Martins, Balboa e Suazo, o Benfica voltou a terminar em terceiro e o projecto foi interrompido para dar lugar a Jorge Jesus. "Salvaguardámos o futuro do Benfica", disse Vieira, quando assinou com a Sagres. Talvez não o quisesse dizer mas salvação também passa pela conquista de resultados desportivos e foi por isso que jogou tudo no fortalecimento da equipa colocada à disposição de Jesus. "Temos serenidade para investir no core business e ganhar não um mas dois ou três campeonatos seguidos", garantiu.Naming Na linha dos negócios surpreendentes que o Benfica tenta fazer, o próximo pode ser o do naming do estádio, dossiê aberto logo após a inauguração mas ainda à espera da melhor oferta. "Temos continuado a fazer propostas no mercado. São difíceis e complexas porque envolvem valores significativos, mas posso dizer que estamos a discutir essa solução com mais de uma identidade", Soares Oliveira em Dezembro ao Público.O mercado português está longe da realidade observada lá fora. O Manchester United, por exemplo, assinou com a financeira Aon um contrato de quatro anos por de 92 milhões de euros e o Bayern encaixou 79 milhões da T-Home por outras quatro temporadas. O Benfica joga noutro Mundo mas, mesmo assim, por valores à primeira vista surpreendentes que lhe permitem o desafogo para investir na equipa. "

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